Resenha: Logan

Resenha: Logan

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Quando o Hugh Jackman disse que em sua despedida do personagem ele e o diretor James Malgold fariam “O” filme do Wolverine, a memória de X-Men Origens e Wolverine: Imortal me fez ficar com um pé atrás. No entanto, Logan consegue cumprir a promessa de mudar para melhor o que vimos nos filmes anteriores.

A violência exagerada, contribuição da censura R nos EUA (e acho que 16 anos no Brasil), é a primeira grande mudança que salta aos olhos logo na primeira cena. Quem reclamava que faltava sangue ou brutalidade no Wolverine de Hugh Jackman, vai ficar mais do que satisfeito com o que é mostrado na tela. Além disso, o clima meio western, meio road movie dá aquele ar de diferentão ao filme, ainda que algumas particularidades dos filmes do “gênero super-herói” se mantenham. E isso não é ruim, afinal, é um filme baseado em quadrinhos de super-heróis.

Em relação à trama, entrar muito em detalhes poderia estragar algumas surpresas, mas não precisa ser um profundo conhecedor dos outros longas dos X-Men para compreender o que se passa. Saber quem é o Wolverine e o Professor Xavier ajuda a dar mais profundidade à relação que os dois tem, mas um acerto do roteiro é conseguir passar a essência dessa relação e trabalhar com o que é apresentado ao longo das 2 horas e 20 de filme, sem grandes perdas.

O elenco principal funciona muito bem, tanto individualmente quanto na química entre eles. Hugh Jackman realmente abraçou a ideia de despedida e parece dar tudo o que podia ao seu Wolverine enquanto Patrick Stewart entrega um excelente Xavier, explorando o personagem de um jeito que não havia sido mostrado antes nos filmes dos X-Men (e talvez nem nos quadrinhos). Mas o destaque vai mesmo, e merecidamente, para a pequena Dafne Keen, um verdadeiro achado nesse elenco. Sua Laura consegue ser carismática, assustadora, e em alguns momentos até fofa, sem dizer quase nenhuma palavra. E considerando que o coração do filme está na relação entre esses três, vê-la funcionar tão bem é mais um ponto positivo para a produção.

Você deve estar se perguntando se com tantos acertos, esse é o melhor filme de super-heróis de todos os tempos? Eu respondo com um “vamos com calma”. Logan, sim, tem muitos acertos. Um deles é conseguir fazer algo diferente do que se vê vindo da Marvel e da DC, e claro, dos próprios X-Men da Fox. Mas, sim, também tem seus problemas. O nível do filme cai bastante na sua segunda metade, e o terceiro ato é o seu ponto fraco, o que não é uma surpresa considerando que temos o mesmo diretor de Wolverine: Imortal (que tem um terceiro ato lastimável). A escolha da ameaça física capaz de encarar o Logan de igual para igual também joga contra. Considerando as outras opções disponíveis nas histórias do personagem, foi estranho ver o que os roteiristas (ou sei lá quem) decidiram colocar no filme.

No fim, Logan merece ser aplaudido pela tentativa de se buscar algo diferente em meio a um “gênero” que está na moda e que a cada ano tem mais e mais produtos sendo lançados. É um desfecho digno para o Wolverine de Hugh Jackman, que prometeu e entregou um filme muito bom que vale a pena ser assistido, e não só por fãs de quadrinhos. É MUITO melhor do que qualquer outro filme dos mutantes, só é uma pena que tenha sido na última tentativa do Jackman no papel.

*Não tem cenas pós-créditos, mas toca Johnny Cash, então vale ficar um pouquinho. E a dublagem nacional está ótima!

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