Relembrando: Batman Begins

Relembrando: Batman Begins

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Batman sempre foi um personagem icônico. Todos já ouviram falar do homem vestido como morcego que caça os criminosos de Gotham City, seja porque leram os quadrinhos quando criança, ou por verem alguma transição do personagem para os desenhos animados, sendo a mais famosa a série animada de 1992, ganhadora de um Emmy (e que eu carrego com muito orgulho, e completa, na minha coleção de DVD’s). Ou também pelas adaptações do personagem às telas de cinema, pelas mãos de Tim Burton (1989 e 1992) e Joel Schumacher (1995 e 1997), sendo este último praticamente o responsável por afundar o personagem. Mas, sabendo o enorme potencial financeiro do personagem e disposta a ressucitar a franquia nas telonas, a Warner chama Christopher Nolan, diretor que fez nome após dois sucessos de crítica (Amnésia e Insônia), para recriar o personagem de modo mais fiel e também apresentá-lo a uma nova audiência.

E como estamos a poucos dias do último Batman de Christopher Nolan, O Cavaleiro das Trevas Ressurge, fizemos este Especial para lembrar como o diretor resolveu dar nova cara ao mundo do herói com o início da sua trilogia em Batman Begins. O texto vai ter SPOILER galera, mas fala sério que você ainda não viu esse filme.

The Intimidation Game

Após Nolan, David S. Goyer foi contratado para roteirizar o filme. Goyer não é nenhum excepcional na área do cinema (Blade:Trinity que o diga) mas já escreveu muita coisa legal pra HQ e conhece bem o personagem, e intitularam o projeto de The Intimidation Game (e por algum tempo foi com esse nome que ficou conhecido). Escreveram um roteiro com base nas HQ’s “Batman: Ano Um” e “The Man Who Falls”, onde o objetivo principal era fazer com que o público acreditasse e, acima de tudo, se importasse com Bruce Wayne. Mas o público viu bons “Bruce Waynes” e bons “Batmen”, mas nunca um ator que pudesse personificar bem ambos. Para solucionar esse problema Nolan trouxe Christian Bale, ator com um extenso currículos de filmes, mas filmes alternativos, tipo Psicopata Americano (a prova máxima que Bale era perfeito pra ser Batman) e O Operário, para vestir o paletó de Bruce Wayne e a capa e o capuz de Batman. E, se inspirando em outro filme de super-heróis, o Superman de Richard Donner (1978), Nolan decidiu que os coadjuvantes também seriam nomes de peso e chamou Michael Caine (Alfred Pennyworth), Gary Oldman (Sgt. James Gordon), Katie Holmes (Rachel Dawes, amiga de infância de Bruce), Cillian Murphy (Dr. Jonathan Crane/Espantalho), Liam Neeson (Henri Ducard), Morgan Freeman (Lucius Fox), Tom Wilkinson (Carmine Falcone) e Ken Watanabe (Ra’s Al Ghul).

O Início

Como é um recomeço do personagem, Nolan resolveu mostrar algo que as adaptações anteriores nunca mostraram, o assassinato de Thomas e Martha Wayne. E enquanto vemos Bruce, agora um jovem, aprendendo as artes ninjas com Ducard e a Liga dos Assassinos liderada por Ra’s Al Ghul, vemos como ele se tortura por não ter feito nada que impedisse a morte dos pais e nem se vingar do assassino deles, Joe Chill, e resolve fugir de Gotham para aprender como funciona a mente dos criminosos; Parte do seu treinamento também é dominar o seu medo e usá-lo para amendrontar aqueles que o enfrentem. Mas ao ver que os métodos da Liga eram extremos demais, Bruce foge e decide usar tudo que aprendeu para começar a trazer esperança ao povo de Gotham.

Nolan queria uma Gotham City que fosse real, não uma que parecesse gótica como a de Burton ou uma que parecesse um baile de carnaval do Scala (não que eu já tenha ido…) como a de Schumacher. E o roteiro também trouxe outra novidade aos filmes, mostrar o fato de que a própria polícia de Gotham era corrupta, na sua maior parte vendida ao mafioso Carmine Falcone , fato que incomodava muito o Sgt. James Gordon. E Bruce começa a se equipar e com a ajuda de Lucius Fox, um antigo amigo de seu pai nas Empresas Wayne. E aqui mais uma vez Nolan funde seu Batman a realidade, mas ele também queria que o personagem tivesse o máximo de movimentação possível, coisa que não rola nas adaptações anteriores (vai dizer que nunca fez uma piadinha de “olhar pra cima com o pescoço tipo Batman”?). A capa que eles chamam de tecido de memória é de verdade, baseada num tecido pra paraquedas que enrijece com eletricidade. E um novo Batmóvel, mas bruto que suas versões anteriores, que mais parecia um tanque do que um carro. Até que finalmente Bruce resolve colocar seu alter-ego em ação.

Se até agora você não viu que este Batman já é diferente das versões anteriores, é na cena da primeira ação do personagem que suas dúvidas acabam. Ver o personagem em meio as sombras e espancando sem dó a bandidagem mostra como esse filme é mais sombrio e sério do que seus antecessores. E agora Batman virou o terror dos bandidos e dos corruptos, então vira alvo da polícia de Gotham, e já que se trata de um início para o cruzado encapuzado nos cinemas, Nolan preferiu escolher vilões que são importantes nas HQ’s, mas não são conhecidos do grande público e nem apareceram em nenhum dos filmes anteriores, o Dr. Jonathan Crane e seu aterrorizante alter-ego, o Espantalho, e Ra’s Al Ghul, este com um truque de Nolan, sendo inicialmente interpretado por Ken Watanabe para depois descobrir que tudo era uma farsa tramada por Henri Ducard, revelando-se ele mesmo Ra’s Al Ghul. E sendo a primeira vez em que Liam Neeson, ator acostumado a interpretar figuras paternas e mestres, sendo um no ínicio do filme, interpreta um vilão. E quando ele vira vilão, ele realmente mostra toda sua vontade de atingir o seu objetivo, a destruição completa de Gotham.

Pois bem Batman salva o dia, Gordon vira Tenente e com a mansão destruída resolve fortificar as suas estruturas, para um plano mais audacioso na área da caverna. E só resta a polícia de Gotham conter a escalada da criminalidade e, secretamente, contar com a ajuda de seu vigilante mascarado. Ao final do filme, Gordon pede para Batman iniciar uma investigação em cima de um homicídio, causado por alguém que se intitula como Coringa. Com esse final extremamente sugestivo para os fãs, e todo o clima de aventura sombria para agradar tanto fãs quanto a galera que simplesmente quer ver um bom filme. Batman Begins foi sucesso de crítica e bilheteria, arrecadando cerca de 372 milhões de doletas mundialmente. E assim começou o retorno do Morcego às telonas.

No próximo Relembrando falaremos sobre o segundo filme, Batman – O Cavaleiro das Trevas, e como Nolan inovou o marketing viral do cinema.

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