Crítica: A Invenção de Hugo Cabret

Crítica: A Invenção de Hugo Cabret

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Galera embora já estivesse com uma boa vontade de ver A Invenção de Hugo Cabret (Hugo) admito que fui um tanto relapso. O tempo foi passando e veio o Oscar e Hugo, junto com O Artista, foi o grande vencedor da noite com cinco estatuetas. Mas principalmente estimulado (e sutilmente desafiado) pelo meu professor de Cinematografia, deixei a preguiça de lado e fui pra sala escura curtir o filme.

Mas antes de falar do filme, quero abrir um parênteses para pais que levam seus filhos pequenos ao cinema. Não me entendam mal, acho ótimo que vocês, pais, cultivem essa cultura nos seus filhos, seja por diversão ou por aprendizado, mas se seus filhos são crianças leve-os para filmes de crianças. Embora Hugo, tanto o filme quanto o livro, tenha uma temática infantil ele não é um filme para crianças. Quando eu era criança ia pro cinema ver As Tartarugas Ninja e não um filme que eu não venha a entender nada. Nem Up! – Altas Aventuras, embora seja uma animação, é um filme pra crianças, nem Toy Story 3 é pra crianças. Então pais, num último apelo, levem seus filhos para se divertirem vendo mais Madagascar e Meu Malvado Favorito e deixe que eles, quando mais velhos e se tomarem gosto pelo cinema, decidam ver filmes desse tipo, valeu ? Agora, ao filme.

O filme conta a história de Hugo Cabret (Asa Butterfield), um menino órfão que vive numa estação de trem em Paris cuja as únicas coisas deixadas pelo pai (ponta mais que especial de Jude Law) foram o dom de mexer e consertar pequenas engrenagens e um misterioso autômato cujo conserto virou sua obsessão. E para consertá-lo Hugo roubava peças de uma loja de brinquedos de um deprimido idoso, que na verdade é Georges Méllies (Ben Kingsley) e quando o caminho de ambos se cruzam, Hugo, com a ajuda da sobrinha do idoso Isabelle (Chloe Moretz) é levado a descobrir a origem do idoso e sua importância história.

Martin Scorcese sabe contar uma história como poucos e aqui ele se utiliza do que há de melhor na tecnologia, no seu primeiro filme em 3D, para contar a origem do cinema como “A fábrica de Sonhos” que conhecemos. Hugo é, antes de tudo, uma aula de cinema, onde Scorcese mostra até os primeiros filmes já realizados, “Um Trem Chegando à Estação”, dos Irmãos Lumiére, e “Uma Viagem à Lua”, de Georges Méllies. E é com usando Ben Kingsley que Scorcese conta os primórdios do cinema. Melliés, que era mágico, viu no cinema a oprtunidade de expandir seus truques de palco a um novo patamar e criava efeitos especiais impressionantes em seus curtas. E o próprio já usava da sobreposição da imagem para criar o tridimensionalismo (a cena do tanque de lagostas é uma linda prova disso).

E agora comparado com o livro, acho que o livro tem uma carga dramática muito maior, emborar não tão pesada, pois se trata de um livro infantil, do que no filme. Achei as motivações de Hugo muito ralas e ele fica meio como um espectador daquilo tudo, e não como a pessoa que faz aquilo tudo acontecer. A cena inicial já o mostra assim, assistindo o cotidiano das pessoas em Paris. Scorcese aumenta a participação do Inspetor da estação (Sacha Baron Cohen) mais para dar um ar cômico para o filme do que o real perigo constante no dia-a-dia de Hugo na estação. A preocupação com contar a história do cinema é maior do que contar a história do personagem, que é bem delineada no livro. Tanto a dele quanto a de Isabelle.

Mas nada que não mostre que Hugo Cabret é um material indispensável na estante de qualquer professor, aluno ou amante da sétima arte. Numa época em que o cinema apenas engatinhava, Melliés fazia as pessoas se maravilharem com suas películas cheias de aventura e magia, e nos apresentou um mundo onde “nossos sonhos são feitos”. E quem achar a ponta de Scorcese no filme dá um curtir no Facebook !

 

Hugo, EUA, 2011 – 126 minutos.

Elenco:  Asa Butterfield, Ben Kingsley, Chloë Moretz, Sacha Baron Cohen, Christopher Lee,  Jude Law.

Direção: Martin Scorcese.

 

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