Crítica: O Cavaleiro Solitário

Crítica: O Cavaleiro Solitário

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Lembro que no começo do ano li uma matéria que falava que um investidor de Wall Street fez previsões sobre os filmes que fariam sucesso e os que seriam fracassos em 2013. Não vou me estender muito, mas o influente Richard Greenfield disse que O Cavaleiro Solitário seria a maior decepção desse ano. Na época imaginei “ah, impossível, o filme tem a mesma equipe de ‘Piratas do Caribe’, e o Johnny Depp tá hilário nesse visual de índio doidão”. Tá certo que ele se referia a uma decepção financeira, mas nunca imaginei que ele estaria tão certo.

Bem, o filme, pra quem não sabe, é inspirado em um antigo programa de rádio dos States (que depois virou série de TV), e mostra o recém-formado advogado John Reid (Armie Hammer) voltando para casa no mesmo trem em que estão sendo levados o perigoso fora-da-lei Butch Cavendish (William Fitchner) e um pele vermelha, um dos últimos da sua tribo. O Fora-da-Lei escapa, e uma comitiva de Rangers é formada para caça-lo, mas eles acabam mortos. O pele vermelha, Tonto (Johnny Depp), enterra todos, mas um, Reid, aparentemente é ressuscitado pelo guia espiritual, um Cavalo Branco, e agora tem a missão de se vingar de todos que estavam envolvidos na emboscada aos Rangers, levar Cavendish à justiça e proteger os fracos e oprimidos do velho oeste.

Cara, acho que uma das fraquezas do filme foi, mais uma vez, deixar tudo nas costas do Depp. Parece que o produtor Jerry Bruckheimer e o diretor Gore Verbinski não aprenderam nada com as fracas sequências de Piratas do Caribe e repetiram a mesma fórmula aqui, só trocaram o Orlando Bloom pelo Hammer e as águas límpidas do Caribe pelo árido deserto americano. Como resultado, Depp até tenta não trazer um “Jack Sparrow do Oeste”, mas as situações bobas em que o personagem se envolve não ajudam nem um pouco. O elenco é completamente desperdiçado, e só me faz acreditar que toparam fazer pra pagar suas habituais contas (afinal, eles também são filhos de Deus). Helena Bonham Carter e Tom Wilkinson são os dois maiores casos desse mal.

Hammer até que não está mal como protagonista, a construção do personagem é que é falha. Em nenhum momento do filme chegamos a torcer por ele como torcemos por William Turner [personagem de Orlando Bloom] no primeiro Piratas. E nem de longe Ruth Wilson chega a ter o carisma da Keira Knightley e sua mocinha.

No entanto, o principal problema do filme está nos seus longos 149 minutos de duração. Por ser tão longo, e sem motivo nenhum para tanto, o filme fica lento, devagar quase parando, e a história não te envolve, os personagens não te cativam, suas motivações são absurdamente ralas e sem nexo (menos a do vilão, mesmo que não apresente nenhuma novidade. Mas aí já seria exigir demais do filme) e nem as cenas de ação chegam a empolgar. Fiquei esperando tanto pela música-tema do Cavaleiro (que todo mundo conhece, mas que poucos sabem que é dele) e pelo “Ay-oh Silver!” e nem valeu tanto assim.

Tá certo que as nossas expectativas podem nos trair, mas eu acho que não a esse ponto. O filme podia oferecer muito mais do que foi, e não tem Johnny Depp no mundo que poderia ter feito um filme melhor. E para o padrão Disney, esse filme está muito abaixo do nível. Me preocupa até sobre o possível 5º filme dos Piratas, já que o 4º também não foi grande coisa. E é melhor eu ir embora, porque sempre tenho uma fé na Disney, mas não sei por que ela está me decepcionando tanto ultimamente…

 

The Lone Ranger, EUA, 2013 – 149 min.

Elenco: Armie Hammer, Johnny Depp, Tom Wilkinson, William Fitchner, Ruth Wilson, James Badge Dale, Helena Bonham Carter

Direção: Gore Verbinski

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