Resenha: It – A Coisa

Resenha: It – A Coisa

Reading Time: 3 minutes

A única lembrança de fato que tenho do clássico terror é a capa da locadora estampada pelo aterrorizante visual de Tim Curry como o palhaço Pennywise. Então fui sem referência para ver a nova versão do clássico livro de Stephen King, queria apenas absorver o filme por ele mesmo. E é legal ver que como terror, ele tem muito mais camadas de coisas aterrorizantes do que o óbvio terror. A mensagem do filme é muito clara: o pior medo pode vir de onde mais deveríamos nos sentir protegidos.

O filme mostra a cidade de Derry, que infelizmente é famosa por ter inúmeros desastres ao longo de sua história. No ano de 1988, crianças começam a desaparecer e uma delas é o irmão de Billy (Jaden Lieberher), fato que deixa o menino traumatizado e faz procurar pelo irmão incessantemente. E quanto mais meses se passam, e mais crianças desaparecem, Billy e seu amigos, o grupo de otários como se chamam, vão descobrindo a real causa dos desaparecimentos na forma do palhaço Pennywise (Bill Skarsgard).

O filme é extremamente bem dividido e não se apressa em apresentar cada um dos personagens principais. Até por que mais do que a ameaça de Pennywise, o filme se concentra bastante em mostrar crianças com raiva e problemas que precisam aprender a se posicionar contra as figuras que deveriam lhe proteger e amparar. E nisso It tem muita força, e seu elenco infantil é muito competente. Todas as crianças são distintas entre si e cada uma tem o seu drama a ser trabalhado, em especial Mike (Chosen Jacobs), Beverly (Sophia Lillis), Eddy (Jack Dylan Grazer) e Henry (Nicholas Hamilton).

Mas não só de horror vive o filme, ele tem ótimas sacadas visuais e truques de câmera para as aparições de Pennywise, e mesmo com o clima de terror o humor dele é muito bem dosado, em geral pelos ótimos diálogos de Richie (Finn Wolfhard) e pelas referências músicais de The Cure e New Kids on the Block. O humor é circunstancial e não forçado, faz a transição para o terror de modo muito orgânico. E na hora do terror, Pennywise capricha. Apesar da interpretação de Skarsgard dar um tom meio óbvio pro palhaço (ele já é de cara aterrorizante, nada atrativo à crianças), o terror é muito bem utilizado, muitos sustos e cenas que sempre tentam fugir do convencional. Se você já é calejado no terror não vai ser afetado a todo momento, mas com certeza haverão cenas que vão te surpreender.

Apesar da mensagem clara do medo, It também tem uma mensagem bastante clara em seu arco final. É normal ter medo, mas é escolha nossa como agir diante dele. O filme consegue passar várias dessas pequenas lições e ainda assim ser um ótimo entretenimento, e deixa uma baita vontade de estar novamente na companhia do grupo de otários. Assim como eles aprendem, quando se há bons companheiros ao seu lado, não há nada a se temer.

0 0 votes
Article Rating