Resenha: Animais Fantásticos – Os Crimes de Grindelwald

Resenha: Animais Fantásticos – Os Crimes de Grindelwald

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A franquia Harry Potter deixa saudades até hoje. Saudade nas mentes e corações dos fãs, que procuram e pedem em todos os lugares por mais histórias, novas histórias, e nos bolsos da Warner, que nunca conseguiu atingir um sucesso financeiro do tamanho que os oito filmes atingiram e desde então vem mirando em inúmeras franquias na tentativa de atingir novamente esse lucro. Até mesmo retornando ao mundo mágico de J.K. Rowling, trazendo aos cinemas mais desse mundo enorme que nos é mostrado tão pouco nos filmes originais. Mas cada vez mais a necessidade de agradar o fã se sobrepõe à importância de trazer uma boa história.

Passados seis meses dos eventos do filme anterior, chegou do maligno bruxo Grindelwald (Johnny Depp) ser levado à julgamento, mas ele acaba por escapar e começa a formar uma insurgência para se levantar contra o atual status quo da comunidade mágica do mundo. Para detê-lo, o ministério britânico recorre à Dumbledore (Jude Law) e este, incapaz de agir, pede ajuda à seu melhor aluno, Newt Scamander (Eddie Redmayne) para partir nessa perigosa missão. Newt parte para Paris e acaba esbarrando com seus amigos americanos Jacob Kowalski (Dan Fogler) e as irmãs Queenie (Alison Sudol) e Tina Goldstein (Katherine Waterston).

Aproveitamos também para conhecer mais da vida pessoal de Newt, com seu irmão bem sucedido Theseus (Callum Turner) e a futura noiva dele, Leta Lestrange (Zoe Kravitz) e por esse conhecimento da ligação de Newt e Leta no passado, é que temos o deleite de retornar à Hogwarts, lugar onde os fãs carregam tanta nostalgia das histórias originais. E essencialmente, Animais Fantásticos se tornou isso: um filme para os fãs, visto que, onde o primeiro “falhou”, pois, por mais que seja legal conhecermos novos aspectos desse mundo, os fãs são puxados pelas referências às histórias do original, e foi isso que o roteiro de Rowling fez dessa vez, abarrotando o roteiro com plots, e incluindo personagens cujos nomes soarão parecidos ou se mostrando ascendentes dos personagens originais, tudo para garantir os gritos e caras de surpresa do espectador “pottermaníaco”. Mas nem só de referências se faz um bom filme.

E por mais que o primeiro seja um filme fraco, este acerta em vários pontos. Primeiro por um melhor uso de seus personagens, especialmente de Newt, aqui se mostrando mais simpático do que na primeira abordagem. E podemos ver mais do seu lado magizoologista mais, para uma franquia chamada “Animais Fantásticos”, ainda são poucas as interações que vemos. Mas é por que agora os animais estarem simplesmente no nome, pois o tema principal desse filme é o levante dos bruxos mais puristas em dar uma voz mais ativa ao mundo mágico, colocando sua vontade sobre todos e aqui entra uma interpretação bastante eficaz de Depp, tornando Grindelwald sedutor, manipulativo e egoísta a ponto de não se importar com nada e nem ninguém além do seu próprio objetivo. Depp soa caricato, mas em um mundo caricato, seu Grindelwald está muito bem encaixado. E Law faz uma participação bem legal como Dumbledore, tornando-o um personagem mais tridimensional e menos o clichê do “velho sábio feiticeiro de barba branca pontuda e vestes longas” como o próprio filme original se propõe a quebrar no final.

Segundo, a direção de Yates, já sendo um profundo conhecedor desse mundo (ele dirige filmes de Harry Potter desde “A Ordem da Fênix), é segura e a edição dá um ritmo a esse filme que o primeiro não tem. E ele sabe dirigir bem os atores, mesmo em cenas que mais parecem tiradas de novela mexicana.

Parece que agora a Warner achou o caminho das pedras. Talvez não consiga obter o sucesso de Harry Potter, mas segue firme em manter a franquia viva nos corações dos fãs, especialmente ao final deste. E se continuarmos a ver filmes como este segundo, é capaz de vermos novas histórias do mundo bruxo de Rowling por bastante tempo nas telonas.

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